Pesquisadores japoneses descobriram que o hábito de cantar pode trazer
benefícios surpreendentes para a saúde. Especialmente para a saúde das
pessoas mais velhas, como mostra o correspondente Roberto Kovalick.
Atenção senhores passageiros: vai partir o karaokê sobre rodas! A ordem
da comissária é "apertem o cinto, sigam a letra e se divirtam". Todos os
dias o ônibus musical sai lotado. Os pontos turísticos de Tóquio servem
de inspiração. A maioria dos passageiros tem em torno de 60 anos e
muitos são frequentadores assíduos.
"Este passeio me deixa muito feliz", diz a aposentada "quero cantar até o dia em que morrer"
No ônibus ninguém liga se os cantores são afinados ou não. Se a música é
um clássico ou brega. O importante é cantar. Um estudo feito em Tóquio
mostrou que isso ajuda a combater males ligados ao envelhecimento. Os
inventores do karaokê descobriram uma razão científica para soltar a
voz.
O estudo foi feito em um hospital que trata idosos com doenças como Alzheimer e senilidade.
O criador do método, Takehiko Akaboshi, de 80 anos, acompanha no
teclado. A mulher dele mostra que os instrumentos têm calosidades, que
estimulam as terminações nervosas das mãos. E explica que, ao seguir a
música, os idosos desenvolvem a coordenação motora.
A professora incentiva os alunos: "Depois dos 60, a gente começa a
curvar a coluna. Quando enche o pulmão para cantar, a coluna se ajeita
automaticamente".
Um grito de "viva" para animar, o aquecimento das cordas vocais e o
ensaio dos instrumentos. Aos poucos, eles vão pegando o jeito. E se
transformam num coral afinado e no ritmo.
É um feito enorme: muitos deles não respondiam a estímulos, não sorriam e alguns nem falavam.
A pesquisa feita pelo médico Kazutomi Kanemaru analisou o cérebro de
sete idosos com Alzheimer. Só um não teve melhoras. Na imagem, as
manchas vermelhas e amarelas são áreas do cérebro que estão funcionando
normalmente. Em uma nova imagem, feita oito meses depois, as áreas
vermelhas e amarelas ficaram maiores, o que significa que voltaram a
funcionar.
O doutor Kanemaru alerta que a música não cura as doenças da velhice, mas retarda os efeitos, melhorando a qualidade de vida.
A turma do ônibus musical não tem nenhuma doença degenerativa. Eles
cantam por diversão e prevenção. E se essa cantoria toda incomodar
alguém, agora eles têm uma boa desculpa: foi o médico que mandou.
FONTE:http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/11/pesquisadores-japoneses-afirmam-que-cantar-faz-bem-saude.html
Edição do dia 15/11/2010